domingo, 7 de junho de 2009

Sobre a tirania da comunicação

O que faz um jornalista ser bom? Saber contar histórias, boas histórias, sucintas mas ricas em detalhes, ou apenas ter boas pautas que impressionam as pessoas, e as fazem crer em tudo que está escrito? Muitas pessoas inventam fatos, publicam e depois ainda desmentem. É impossível que haja escassez de fatos que mereçam se tornar notícias neste mundo em que as fronteiras se tornam menores a cada momento devido ao processo de globalização.

O autor francês Ignácio Ramonet critica a mídia e suas ações durante todo o decorrer de seu livro "A Tirania da Comunicação". Desde a trágica morte da princesa Diana, atribuída aos papparazzi que a perseguiam (descritos por Ramonet da seguinte forma: "Os paparazzi metralham, fuzilam. Eles perseguem, caçam, acossam. É só aparecer a ocasião que eles se tornam crápulas oportunistas."), até as inúmeras matérias forjadas por jornalistas medíocres; o jornalismo provou que existem os dois lados da moeda.

Tornar pública a vida pessoal de uma pessoa também não é uma atribuição do jornalismo bem feito. O caráter e a ética devem sobrepor todas as outras possíveis características de um jornalista, de modo que ele saiba distinguir entre o que interessa ao público e o que não interessa. Mesmo se tratando de pessoas conhecidas, a privacidade de cada um deve ser respeitada.

E a credibilidade? Se um fato de grande importância ocorre, mas não recebe a devida atenção, o meio jornalístico perde a credibilidade com o seu espectador. E o mesmo acontece no caso oposto, quando uma situação de importância questionável recebe supervalorização pela mídia. A credibilidade é construída aos poucos, quando se adota conceitos justos, juntamente com boas pautas e profissionais competentes.

Com a televisão, o telespectador cria uma confiança associada ao fato de poder ver imagens acompanhando um relato. "Uma imagem vale mais do que mil palavras". Ver e ouvir uma pessoa falando dá a impressão de confirmação; ainda mais quando se tem a prova de que o repórter estava na cena da notícia, trabalhando com a apuração da mesma. Todos esses fatores fazem com que a TV ganhe um grande poder de persuasão em relação a quem a assiste, abrindo caminho para o jornalismo porco, ilustrado pelos inúmeros casos de furos de reportagem forjados por jornalistas e interpretados por atores em cenários montados.

Na obra, o autor pergunta aos leitores, “É verdadeiro porque é tecnológico?”, e cita a importância dos correspondentes da CNN, dizendo que sem eles as reportagens se tornariam pobres, na ocasião de dependerem apenas do âncora no estúdio com o
chroma key (técnica de efeito visual que consiste na sobreposição de imagens). Então o jornalismo entra em contradição: esta inovadora tecnologia é benéfica para a credibilidade do espectador, ou se torna duvidosa a ponto das pessoas deixarem de acreditar nos fatos reais?

Um jornalista tem o grande poder da palavra. Sua voz, aliada a caneta e papel, conta e envia histórias para outras pessoas, passando informações sobre o que acontece no mundo. A notícia não precisa de imagem para ser boa, e sim de diferentes opiniões que contrastem os também diferentes pontos de vista sobre um fato. Saber falar, escrever, apurar, usar a ética, dosar o bom senso são características necessárias para a formação de um bom jornalista, e isto vem com o esforço e a dedicação de quem sabe o que quer, e faz de tudo para exercer o que está no sangue.

Texto: Sofia Mikrute, Luiz Almeida

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Empresário, jornalista, político e mecenas brasileiro


Nascido na Paraíba em 1892, Francisco de Assis Chateaubriand estreou no jornalismo aos 15 anos na Gazeta do Norte. Se formou na Faculdade de Direito da capital do Estado, criou a maior cadeia de imprensa do Brasil, os Diários Associados e foi também pioneiro na criação da TV Tupi em 1950.

Chateaubriand, também conhecido como Chatô, trabalhou como colaborador do Correio da Manhã e em 1924 assumiu a direção de O Jornal, comprando-o no mesmo ano graças a recursos financeiros vindos de seu trabalho como advogado de alguns barões-do-café.

Agregando jornais como Diário de Pernambuco, Jornal do Comércio e Diário da Noite; em São Paulo se tornou dono dos principais jornais da maioria das capitais brasileiras.

Chateaubriand apoiou, com a Aliança Liberal, o movimento revolucionário de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Conseguiu de Getúlio, durante o Estado Novo, a promulgação de um decreto que lhe deu direito à guarda de uma filha, após a separação da mulher, declarando a célebre frase: “Se a lei é contra mim, vamos ter que mudar a lei”.

Apesar de ter atraído uma série de inimigos, entre eles o industrial Francisco Matarazzo, chantageando empresas, publicando poesias dos maiores anunciantes e mentindo descaradamente; Chatô manteve relações cordiais e interesseiras com diversos e influentes empresários.

Em 1947 fundou o Museu de Arte de São Paulo (MASP) com uma coleção particular de grandes mestres europeus adquiridas na chamada Europa pós-guerra.

Através de eleições fraudulentas, Chateaubriand foi eleito senador pela Paraíba e pelo Maranhão em 1952 e 1955, respectivamente, e renunciou ao mandato para assumir a embaixada do Brasil na Inglaterra. Em 1954 ocupou a cadeira deixada por Getúlio Vargas, após seu suicídio, assumindo a Academia Brasileira de Letras.

Na década de 60 Chatô sofreu uma trombose que o deixou paralisado, fazendo com que ele se comunicasse através de uma máquina de escrever adaptada. Morreu em 1968 e foi velado à companhia de duas pinturas que simbolizavam as três coisas que ele mais amou: o poder, a arte e a mulher; segundo o arquiteto italiano e organizador do acervo do MASP, Pietro Maria Bardi.

Diários Associados

Com início em 1924, com a aquisição de O Jornal, o império de Chateaubriand incorporou outras empresas de televisão, rádio e mídia impressa além de fazendas e fábricas, entre outros. As duas empresas mais célebres foram a TV Tupi e a revista O Cruzeiro, ambas extintas.

Os Diários Associados que tiveram no seu auge, 36 jornais, 18 revistas, 36 rádios e 18 emissoras de televisão reunidos em todo o Brasil, são o sexto maior conglomerado de empresas de mídia no Brasil, contendo atualmente 50 veículos de comunicação.

Após a morte de Chatô, a empresa foi deixada para um grupo de acionistas, devido à sua iminente decadência.


Texto: Isabela Rios
Foto: Memoriaviva.com.br - edição do Cruzeiro, 9 de abril de 1960