quinta-feira, 28 de maio de 2009

Gonzo é jornalismo?



O jornalista Hunther S. Thompson recebeu uma pauta da revista Rolling Stone para cobrir um evento esportivo em Las Vegas. Ao invés de cobrir a matéria, o jornalista gastou o dinheiro das despesas com bebidas e drogas, vandalizou quartos e fugiu sem pagar, deixando uma enorme dívida no hotel onde estava hospedado. O resultado foi uma história contada sob o ponto de vista alucinado do autor, que lhe rendeu o livro “Medo e Delírio em Las Vegas” e tornou Thompson criador de um novo estilo, o Gonzojornalismo.

O termo foi criado por Bill Cardoso, repórter do Boston Sunday Globe, em uma carta enviada a Thompson: “Eu não sei que porra você está fazendo, mas você mudou tudo. É totalmente gonzo”. Segundo ele, "gonzo" seria uma gíria originária da parte francesa do Canadá "gonzeaux" que, segundo Cardoso, pode ser traduzido como "caminho iluminado".

O estilo é alvo de questionamentos, principalmente por propor a transposição da barreira que separa a realidade da ficção, aplicados ao jornalismo. Há quem diga que o jornalismo gonzo não é jornalismo, embasando essa teoria em questões levantadas sobre a seriedade, objetividade e parcialidade de seus textos. Já os que sustentam a modalidade, acreditam que se trata de uma extensão do New Journalism de Tom Wolfe e Lester Bangs, alcançando status de revolução dos moldes jornalísticos, na opinião de alguns críticos.

O texto adotado pelo gonzo mistura literatura e jornalismo, sem apresentar divisão entre o real e o imaginário, através do uso de narrativas em que o narrador se mistura profundamente com a ação, através do efeito de drogas, retratando experiências e sensações pessoais.

Diversas matérias de Thompson se tornaram livros e filmes, incluindo o livro da foto, que ganhou uma versão no cinema, com participações de Johnny Depp e Benicio del Toro, além de um documentário feito para a TV em 1978.

Se o Gonzo é ou não uma forma de jornalismo não se pode dizer. Ficam apenas as opiniões de quem se julga capaz de decidir, e cabe a nós interpretar essas opiniões e analisar o estilo adotando critérios próprios, levando em conta seu objetivo e proposta.


Texto: Isabela Rios e Luiz Almeida
Foto: Capa do livro "Medo e Delírio em Las Vegas, por Hunther S. Thompson

3 comentários:

Sofia Mikrute disse...

Talvez o jornalismo nunca se sustente apenas pelo gonzojornalismo, mas essa forma de caracterizar as coisas de maneira mais alegre e humorística, sem tanta objetividade e seriedade é uma forma de deixar com que a essência se torne mais "light", aliviando um pouco as pressões do dia-a-dia.

Luiz Almeida disse...

Ou revolucione a monotonia do jornalismo no dia-a-dia

=)

Thiago Maihara disse...

É com certeza trás uma opção de jornalismo mais leve e descontraído, deixando um pouco o stress diário de lado.